domingo, 7 de março de 2010

The Sounds - Dying to Say This to You

The Sounds é um quinteto sueco formado em 1999 e que lançou seu debut, Living in America, em 2002 e seu segundo álbum, Dying to Say This to You, em 2006. Dizer que The Sounds tem um som meio new wave parecido com Blondie é ‘fácil’ demais - é sempre bastante óbvio, desde os instrumentais com certas influências de punk mas recheados de teclados grudentos até os vocais de Maia Ivarsson, que às vezes são assustadoramente parecidos com os de Dabbie Harry. Mas toda essa suposta ‘falta’ de originalidade não prejudica o andamento de forma alguma.

Dying to Say This to You não é tão diferente do debut, apenas elevou o som leve e divertido que abundou Living in America a um outro nível, mais ‘sólido’ e talvez até mais adulto. Com uma produção impecável, refrões incríveis e ótimas letras, é fácil colocar o álbum no repeat e o ouvir por horas. A primeira música, “Song With a Mission”, já dita o clima energético e explosivo de Dying to Say This to You que é mantido com perfeição até a última música - salvo “Night After Night”, a sexta faixa, que é uma balada bem calma feita tendo o piano como base. Vale a pena dizer que a última faixa do álbum é uma reinterpretação de “Night After Night”, feita dessa vez com a mesma energia, guitarra e teclados presentes no resto do álbum. Dying to Say This to You não poderia ser encerrarado de uma forma melhor.


Faixas: “Song With a Mission”, “Tony the Beat”, “24 Hours”, “Night After Night”, “Ego”, “Running Out of Turbo”, “Night After Night (Rock Version)”, “Painted by Numbers”.

sábado, 6 de março de 2010

The Dead Weather - Horehound

The Dead Weather é uma ‘superbanda’ formada em 2009 por nomes de peso: Jack White (The White Stripes), Alison Mosshart (The Kills), Dean Fertita (Queens of the Stone Age) e Jack Lawrence (The Raconteurs). Com essa formação, o que poderia dar errado? Em teoria, nada. Mas Horehound, seu debut lançado em Julho de 2009, acabou sendo uma das maiores decepções dos últimos tempos. Há sim músicas ótimas que acabam combinando o som das quatro bandas em um, mas no geral Horehound é repetitivo e decepcionante.

Os vocais de Alison são, como sempre, bastante fortes e às vezes acabam sendo a única coisa que salva uma ou outra música. Em Dead Weather, Jack White abandonou a guitarra e é responsável pela bateria - e faz isso, como era de se esperar (Jack White!), com uma competência singular. Mas não é seu melhor instrumento - talvez se White estivesse atirando seus tradicionais riffs de guitarra incríveis o rumo de Horehound fosse outro. O som é bastante pesado com um blues intrínseco bastante forte - tem até um excelente cover de “New Pony” do Bob Dylan, que é um dos pontos altos do álbum.

Horehound é um rock‘n’roll blues bastante clássico mas que, talvez por causa de uma produção um pouco ‘exagerada’, parece estar ‘tentando’ demais e isso faz com que soe meio falso às vezes. Ainda sim, Horehound vale a pena ser ouvido - afinal, não é todo dia que músicos como esses se juntam pra fazer um álbum.


Faixas: “Treat Me Like Your Mother”, “Rocking Horse”, “New Pony”, “No Hassle Night”.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Yeah Yeah Yeahs - It's Blitz!

Aproveitando o arco de ‘mudanças radicais no som de uma banda’, It's Blitz! é um ótimo exemplo. Yeah Yeah Yeahs é um trio de NYC formado por Karen O, Nick Zinner e Brian Chase que faz (ou fazia) um ‘art punk’ de primeira, se é que tal termo existe. It's Blitz! é seu terceiro álbum, foi lançado no começo de 2009 e é recheado de teclados, sintetizadores e influências eletrônicas - e é tão ‘clássico instantâneo’ quanto seu debut, Fever to Tell, que é um punk rock explosivo, simples e agressivo, quase sádico, lançado seis anos antes.

It's Blitz! pode soar esquisito a primeira vez que se ouve - Yeah Yeah Yeahs sem os gritos e gemidos de Karen O? -, mas as músicas têm uma qualidade tão elevada que é fácil de se acostumar com isso e simplesmente aproveitar o álbum. Em “Zero”, a primeira faixa e uma das melhores da carreira da banda, todas as mudanças já são bastante nítidas. Há certas oscilações ao longo das dez músicas, mas em geral o padrão altíssimo estabelecido por “Zero” é mantido com maestria e chega a seu auge na quinta faixa, “Dull Life”. It's Blitz! equilibra músicas que poderiam ter saído do Fever to Tell, como “Dull Life”, com outras bem mais calmas, como “Runaway” (que é um pouquinho longa demais, mas não deixa de ser um dos pontos altos do álbum), com uma naturalidade impressionante.

Pode não ser o melhor trabalho da banda - esse título ainda fica com seu segundo trabalho, Show Your Bones -, mas It's Blitz! é com certeza o álbum mais completo, balanceado e coeso lançado por eles até hoje. Ainda assim, é meio difícil não sentir uma certa saudadezinha de “Tick”, “Phenomena”, “Honeybear”, “Déjà Vu”, ou “Y Control”.


Faixas: “Dull Life”, “Zero”, “Hysteric”, “Heads Will Roll”, “Shame and Fortune”, “Runaway”.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Peter Bjorn and John - Living Thing

Peter Bjorn and John é um trio formado em Estocolmo, Suécia, por Peter Morén (guitarra/voz), Björn Yttling (baixo/teclado) e John Eriksson (bateria). Em 2006, lançaram seu terceiro álbum, o sublime Writer's Block, lar de seu maior hit, “Young Folks”. Depois disso, em 2008, teve o ‘bom-mas-não-ótimo’ Seaside Rock que é, essencialmente, um álbum instrumental. E, em 2009, lançaram o Living Thing que foi uma gigantesca decepção na primeira ouvida. O baixista Björn acabou produzindo, em 2008, o excelente debut da Lykke Li e usando aqui um pouco de todo aquele quase-experimentalismo, principalmente das percussões, que deu tão certo no Youth Novels, mas isso parece meio fora de lugar com Peter Bjorn and John e às vezes até exagerado.

Mas depois de se acostumar com essa mudança mais-que-drástica no som da banda, dá pra ver que Living Thing na verdade não é tão ruim assim. Há sim camadas e efeitos às vezes desnecessários, sobretudo nos vocais, que acabaram moldando o até então incrível som do Peter Bjorn and John, mas o básico, que é fazer músicas boas e competentes, ainda está aqui - só foi feito de uma forma completamente diferente. Living Thing pode ser visto como quase um ‘segundo debut’ - vale a pena ouví-lo com atenção, principalmente se você conhece os outros trabalhos da banda. Embora seja ‘interessante’, eu não posso deixar de querer que eles voltem para o som dos seus trabalhos anteriores em seu próximo álbum.


Faixas: “It Don't Move Me”, “Nothing to Worry About”, “I Want You!”, “Lay It Down”, “Blue Period Picasso”.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Superchunk - No Pocky for Kitty

Superchunk é uma banda de Chapel Hill, North Carolina, formada em 1989. Encabeçada por Mac McCaughan, é uma das melhores e mais representativas bandas de indie rock lo-fi nos anos 90. No Pocky for Kitty é seu segundo álbum de estúdio, lançado em 1991, e produzido por Steve Albini. O debut da banda, Superchunk (1990), foi um ótimo álbum com seus altos e baixos - mas No Pocky for Kitty foi o primeiro lançamento do Superchunk que simplesmente não decepciona em momento algum.

A faixa de abertura, “Skip Steps 1 & 3”, já define bem o clima do álbum todo: rápida, agressiva, energética, punk. Clima esse que não é suavizado e nem perdido em nenhum instante e, como resultado, são pouco mais de trinta minutos do indie rock em seu melhor. As músicas são bastante simples, mas o que não faltam são riffs ardentes de guitarra, baterias expressivas e linhas de baixo sutis mas que fazem seu trabalho com perfeição.

Todo o punk rock ‘do it yourself’, que é abundante em todos os trabalhos da banda, faz com que Superchunk seja atemporal - o fato de No Pocky for Kitty ter sido lançado quase vinte anos atrás não o torna nem um pouco menos revigorante.

Até hoje a banda continua ativa, apesar de seu último trabalho completo, Here's to Shutting Up, ter sido lançado há quase dez anos, em 2001. Nessa última década, lançaram esporadicamente algumas coisas, como álbuns ao vivo e compilações, mas em 2009 saiu um EP com quatro faixas chamado Leaves in the Gutter que mostra um Superchunk tão bom quanto sempre foi - o que faz do fato de que ainda não há nenhuma previsão para um novo álbum completo algo excruciante.


Faixas: “Skip Steps 1 & 3”, “Cast Iron”, “Punch Me Harder”, “Press”, “30 Xtra”, “Throwing Things”, “Seed Toss”.

terça-feira, 2 de março de 2010

Vampire Weekend - Contra

Vampire Weekend é um quarteto nova-iorquino que lançou seu primeiro álbum, Vampire Weekend, em 2008. E, sinceramente, seu debut não me impressionou muito. Ele possui, sim, momentos ótimos - como “M79” e “I Stand Corrected” - mas com certeza as melhores coisas vindas de Vampire Weekend foram os clipes dos singles. Quando eles lançaram o primeiro single de Contra, “Cousins”, a música não me agradou nem um pouco e em decorrência disso, nem me animei em ir atrás de seu segundo álbum, que saiu em janeiro de 2010. Só que quando o vídeo de “Giving Up The Gun” saiu, além do clipe genial, a música era uma das melhores que eu ouvi esse ano. Fiquei muito feliz quando descobri que “Cousins” é, na verdade, a pior música do álbum.

Contra, assim como Vampire Weekend, foi produzido pelo guitarrista/tecladista da banda, Rostam Batmanglij, e seu som não é tão diferente do debut, mas tudo aqui é muito mais bem elaborado e, antes de tudo, organizado. O resultado é um álbum com guitarras menos afobadas e teclados mais marcantes, com toques eletrônicos que também elevaram a qualidade das músicas. Mas, naturalmente, Contra não é um álbum perfeito e eles dão algumas ‘escorregadas’ - como em “Cousins” e “California English”.

Vampire Weekend está e sempre esteve longe de ser uma banda punk, mas a influência de The Clash, principalmente do álbum Sandinista! (1980) é bastante clara - e isso combinado com as batidas e vocais inspirados em música africana, que já vinham desde Vampire Weekend, cria um som bastante peculiar (tem até um sample de “Hussel”, da M.I.A., na faixa “Diplomat's Son”).

No geral, Contra foi uma das surpresas mais agradáveis que eu tive esse ano e me arrependi muito de ter esperado tanto tempo para ouví-lo. É um álbum bastante recomendado.

No geral, Contra foi uma das surpresas mais agradáveis que eu tive esse ano e me arrependi muito de ter esperado tanto tempo para ouví-lo. É um álbum bastante recomendado.


Faixas: “Giving Up The Gun”, “Horchata”, “Diplomat's Son”, “Holiday”, “I Think Ur A Contra”.

segunda-feira, 1 de março de 2010

The Magnetic Fields - 69 Love Songs

Nada melhor do que começar a semana (e o mês!) com um dos álbuns mais épicos já lançados: 69 Love Songs, de 1999. Sexto álbum da brilhante carreira do Magnetic Fields, 69 Love Songs é exatamente o que seu título implica. Além do frontman Stephin Merritt, há outros quatro vocalistas que dividem as músicas, incluindo a própria baterista do Magnetic Fields, Claudia Gonson. E, com quase três horas e (óbvio) sessenta e nove músicas, há tempo de sobra pra experimentar vários gêneros e estilos diferentes - alguns são evidenciados no título da música, como “Punk Love” ou “Love Is Like Jazz” - mas, no geral, o que predomina é o indie pop não-ortodoxo que o Magnetic Fields faz com perfeição desde que começou. Também é possível traçar paralelos, quase ‘homenagens’, a outros artistas como The Jesus and Mary Chain (“When My Boy Walks Down The Street”), Billie Holiday (“My Only Friend”), Cole Porter (“Zebra”) e Paul Simon (“World Love”).

As letras, que foram todas escritas por Stephin Merritt, têm certas imagens recorrentes, como animais (ursos, peixes, morcegos, coelhos, cães, cobras), lugares (Paris, Veneza, NYC) e também outros temas mais comuns na carreira de Merrit como um todo (a lua, olhos, chuva). Ademais, o uso de instrumentos não muito convencionais - ukeleles, marxofones, cítaras, saltérios, ocarinas, bandolins -, em sua maioria acústicos, também dão um toque mais especial às composições. Como, no geral, as músicas são bastante curtas (dezesseis delas terminam antes da marca dos dois minutos e a mais longa tem apenas cinco), 69 Love Songs está longe de ser cansativo. É um álbum bastante consistente e os pontos altos, que acabam ficando um passo além do ‘genial’, não são tão raros como pode se pensar. Provavelmente o maior obstáculo é a voz bastante grave e nem sempre ‘confortável’ de Merritt - mas assim que você conseguir se acostumar com isso, entenderá por que ele é um dos melhores músicos e poetas de todos os tempos.


Faixas: “Absolutely Cuckoo”, “A Chicken With Its Head Cut Off”, “Let's Pretend We're Bunny Rabbits”, “The Luckiest Guy on the Lower East Side”, “Nothing Matters When We're Dancing”, “When My Boy Walks Down The Street”, “Underwear”, “Asleep and Dreaming”, “Papa Was A Rodeo”, “I'm Sorry I Love You”, “For We Are The King of The Boudoir”, “The Night You Can't Remember”, “The Way You Say Good-Night”, “Promises of Eternity”, “Sweet-Lovin' Man”, “Time Enough for Rocking When We're Old”, “How Fucking Romantic”, “The Death of Ferdinand De Saussure”, “(Crazy For You) But Not That Crazy”, “I Don't Wanna Get Over You”.

(colocar vinte, de um total de sessenta e nove, é exagero?)